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À Conversa com o Padre Marçal

1 - Como e quando é que surgiu a vontade de construir um Lar para crianças e jovens?

Diante de uma situação que provocou um mal estar de uma casa que se chamava Colónia dos Carvalhos, o governo, porque pertencia ao governo, ficou aflito para ver quem pode- ria assumir e dar continuidade. Como eu era professor da escola secundaria, foram pedirme ajuda. Eu e Padre Maia dizemos então “nós vamos assumir esta casa”.

2 - Como foi a sua integração neste lar?

Foi muito bom. Estava muito preocupado se vinha dar continuidade a uma instituição como tantas outras (...) Eu estudei em Roma, e passei férias em Milão, e fui com 2 voluntários visitar diversas instituições. Projetei que queria uma instituição mo- derna e de resposta capaz para este tempo.

3 - Na sua opinião, o que distingue o LJC de outras instituições de jovens?

Em 1o lugar distingue-se pelo ambiente em que está colocado e pela beleza. Era um monte cheio de eucaliptos e austrálias, custava-nos a acreditar que um dia tivéssemos isto como realidade. Lutamos sempre pela qualidade de espaço e beleza do espa- ço em que os alunos se encontram, que fosse de alto nível. E pelo que conheço em Portugal e no estrangeiro, dificilmente en- contro outra que tenha tal beleza. A outra distinção, ao longo do tempo, é que sempre me rodeei de grupos de educadores capazes de desenvolver num tempo de 24 anos, um estilo educativo adequado (...). Distingue-se nestes níveis: encontrar aqui um lugar, nos espaços e no aconchego, encontrar lugar para desenvolver as suas capacidades para a vida.

4 - Hoje, como vê a instituição?

Vejo como um grande desafio, maior ainda, porque se antes era fácil animar e educar aqueles que nos eram entregues, porque eram crianças, hoje não é assim. Lutei e luto para que o lar não seja um armazém, onde as comissões deixam o aluno 3 meses, 1 ano, só durante um curto tempo, e é difícil o jovem deixar-se conquistar pela beleza que é preciso para preparar o futuro. Que o jovem possa dizer “eu estive num tempo difícil, mas superei porque tive quem me ajudasse, mas também porque quis”. Sinto-me feliz por encontrar o equilíbrio para ajudar os jovens, para que possam ver que no lar há luz para a mente e para o coração.

5 - Um dia que estes rapazes sejam homens, que lembranças gostariam que guardassem de si?

Muitos dos jovens que passaram por aqui aparecem sempre. Um casal, um jovem que vem agradecer “sem a paciência e a pala- vra do padre Marçal, eu não estaria aqui”. Que possam sentir essa gratidão. Mesmo os jovens que estão pouco tempo, espero que possam receber o encanto da vida, da sua existência.

6 - Qual foi a história de vida, de um rapaz, que o marcou mais?

Um rapaz muito franzino que fugia sempre à escola, expulso constantemente, e depois foi aqui, nesta sala que trabalhei com ele. Ele vinha nervoso, e eu conversava com ele, e isto foram vários anos. Não perdi a paciência e ele hoje está na faculdade. É dele que falo com orgulho.

7 - O que deseja para o futuro do LJC?

O que desejo é que com o grupo de educadores e técnicos que atualmente temos, estejamos à altura de dar uma resposta que as situações de hoje precisam. Que os jovens possam encontrar em nós alguém que aponta o melhor caminho para o futuro. Desejo que possamos trabalhar muito de perto as famílias dos nossos alunos, para que os rapazes possam ser recebidos com carinho e encanto, porque nós fomos simplesmente uma ajuda para aqueles que nos são confiados.


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